terça-feira, 1 de outubro de 2013

Roteiro para ficha de leitura- REIS FILHO, Daniel Aarão (org.). O Manifesto Comunista 150 anos depois e texto complementar


Roteiro para ficha de leitura- REIS FILHO, Daniel Aarão (org.). O Manifesto Comunista 150 anos depois e texto complementar

 

 

 

1-Segundo Marx e Engels que processo sócio- econômicos conduziram à liquidação do feudalismo? Em que sentido a burguesia seria revolucionária?

Os servos da Idade média originaram os cidadãos das primeiras comunas, desses cidadãos surgirão os primórdios da burguesia, muitos processos sócio-econômicos vieram a desencadear, fortalecendo a liquidação do Feudalismo. Segundo Marx e Engels, a descoberta da América, a circunavegação da África ofereceu à burguesia ascendente um novo espaço. O mercado indiano e o chinês, a colonização das Américas, o intercâmbio com as colônias e juntamente a intensificação dos meios de troca e das mercadorias. Ambas impulsionaram o comércio, a navegação e a indústria num ritmo nunca visto antes. O funcionamento feudal e o funcionamento corporativo da indústria já não eram compatíveis o suficiente para cumprir com as demandas, tendo como conseqüência a abertura de novos mercados, quando a manufatura substituiu-o. Nesse processo, a classe Média, os mestres corporativos foram obrigados a levantar acampamento e dar lugar à classe Média industrial. A divisão em diversas corporações acabou com o benefício de divisão em cada oficina. Juntamente com os mercados cresciam as demandas, revelando a manufatura insuficiente, tendo como conseqüência a revolução da produção industrial através do vapor e do maquinismo. No andar desse processo a manufatura foi substituída pela grande indústria moderna, classe média industrial, milionários da indústria, sendo eles os chefes de exércitos industriais, eles, os burgueses modernos. A grande indústria criou o mercado Mundial, esse mercado expandiu o comércio, a navegação e as comunicações.

Na medida em que se desenvolviam os processos sócio-econômicos, acompanhados de uma série de transformações e abrangendo um progresso político, onde finalmente a burguesia conquista a dominação política exclusiva.

A burguesia representou um papel revolucionário terminante na história, acabando com os laços feudais e construindo um laço de interesse chamado dinheiro, diminuindo a dignidade em simples valor de troca e elevando a liberdade de comércio como sendo única e implacável. A Burguesia revolucionou os instrumentos de produção, as relações de produção e também o conjunto das relações sociais, onde as antigas necessidades dão lugar a novas. O intercâmbio generalizado gerou uma interdependência entre as nações. Revolucionário no sentido de desenvolver rapidamente os instrumentos de produção através de comunicações facilitadas incentivando assim, todas as nações a aderirem o modo de produção burguesa.

Controlando assim, cada vez mais o debandar dos meios de produção, da propriedade e da população. A burguesia  revolucionou, pois percebeu que não poderia ficar refém da natureza, iniciando um processo de industrialização, com a propriedade privada e o desejo de cada vez mais  lucro e aumento de  capital constante, reduzindo assim os trabalhadores. Por isso revolucionária no sentido de lucro e força produtiva.

 

 

2-Que contradições inerentes ao processo capitalista permitem afirmar que “as relações burguesas de propriedade, a sociedade burguesa moderna... mais parece o feiticeiro que não consegue controlar os poderes subterrâneos que ele mesmo invocou”

As crises comerciais estão ameaçando cada vez mais a sociedade burguesa, declarando um estado epidêmico social que se iguala em contradição às etapas anteriores. A sociedade retorna a uma condição de vida contrária, isso tudo porque se encontra num período de excessos na civilização, nos meios de subsistência, na indústria e no comércio. As forças produtivas já não são mais úteis para as relações de propriedade burguesa, pois se tornaram muito poderosas e ameaçadoras para tais relações. Na medida em que a classe burguesa se desenvolveu, juntamente estava o proletariado, que aos poucos foram ganhando espaço dentro da sociedade burguesa e as armas criadas por ela, agora se voltam contra ela. A burguesia não criou apenas armas, mas também homens que as utilizarão, os operários. Esses se encontram como mercadorias, objetos de comércio, onde apenas vivem enquanto o trabalho aumenta o capital. Quando os trabalhadores perderam sua utilidade, eles deram espaço pra maquinaria e a divisão de trabalho e também se perdeu os atrativos para os mesmos, tornando-se um mero acessório da máquina. A partir desse contexto, aumenta a quantidade de trabalho e o tempo do mesmo com salários cada vez mais flutuantes. Esses operários começam a organizar-se em massas, pois possuem interesses semelhantes, dessa união resulta a luta de classes e a cada conflito se fortalece e ao mesmo tempo em que descentraliza, também provoca uma divisão e por conseqüência o inicio do processo de dissolução da classe dominante.

 

3-Qual o entendimento de Marx e Engels sobre o papel do Estado Burguês? Porque a revolução proletária deveria abolir o Estado?

O estado burguês resultou da relação entre classes sociais, onde se faz necessário a existência de classes dominantes. O vigente estado burguês protege as relações capitalistas de produção, de forma a assegurar o domínio do capital sobre o trabalho, a reprodução ampliada do capital, a acumulação privada do produto social e exploração da renda, redistribuição do fundo público em beneficio do capital. Marx e Engels entendiam o Estado Burguês como uma instituição a serviço da classe dominante, visando validar a exploração da “mais valia”, mantendo a lei de propriedade privada. Ostentando diversos tipos de interesses sejam eles políticos, econômicos e sociais. Sua finalidade é manter, validar e proteger os interesses da classe burguesa, seus objectivos se limitam apenas na obtenção do lucro, da propriedade e a exploração do trabalho assalariado. Também se impõem pelo uso da violência, do convencimento que se distribui através da ideologia.

Essa abolição resultaria através das crises existentes na sociedade capitalista, pois dentro dessa sociedade observa-se uma constante concentração da propriedade e das rendas nas mãos de poucos.  A revolução proletária deve abolir o estado no sentido de livrar-se da alienação do trabalho, das desigualdades sociais, da luta de classes existente em toda história, abolir no sentido de transformar e planejar um melhor entendimento onde todos tenham liberdade para atingir seus ideais dentro do contexto geral.

 

 

 

 

 

4-Papel do Estado na face pós revolucionária (transição). Faria sentido à existência do Estado em uma sociedade comunista?

 Essa etapa de transição seria formada pela “ditadura do proletariado” onde os trabalhadores ganhariam espaço político social e econômico, pois seria através desse aparelho estatal que enfrentariam as ameaças burguesas. O Estado continuaria existindo, mas agora como arma de defesa da revolução proletária, que através de conflitos entre as lutas de classe veio ganhando força o suficiente para aboli-lo. Mas não de imediato, primeiro, buscando condições necessárias para tal e também através da intermediação do socialismo dentro desse contexto, pois é através dele que se conviveriam formas de sociedade anterior e formas de sociedade futura com objetivo de atingir posteriormente o comunismo. O Comunismo  objectiva a criação de uma sociedade sem classes sociais e sem propriedade privada , onde os meios produtivos seriam de propriedade comum a todos, dentro desse contexto o estado não teria necessidade de existência, mas isso apenas no comunismo real e absoluto.

 

5-Que entendem Marx e Engels por Comunismo?

Para esses autores o comunismo refere-se a uma sociedade sem classes, sem estado e livre de opressão, onde as decisões referentes ao que produzir e quais políticas seguir seriam resultantes de um processo democrático, permitindo a participação de todos. Marx e Engels viam o comunismo como modo de produção através do qual a sociedade se libertaria da alienação e do trabalho. O que diferencia o comunismo não é a eliminação da  propriedade em geral, mas a extinção da propriedade burguesa, ou seja, privada. Seus interesses são os mesmos interesses do conjunto do proletariado, sendo a esfera mais decidida e mobilizada dos partidos operários de todos os partidos. Definindo o comunismo como forma de libertação do proletariado, onde todos teriam controle e consciência sobre todo processo social de produção. O comunismo seria a forma de derrubada do capitalismo através do socialismo  não apenas para constituir um estado para si ,mas para acabar com as classes sociais e o Estado como instrumento político de existência de classes. Resume-se sua teoria em quatro palavras: extinção de propriedade privada.

 

6-Que pontos do programa do Manifesto são atuais ou passíveis de atualização, segundo João Antônio de Paula?

 

No total, segundo João Antônio de Paula, são dez pontos que precisam ser observados, levando em conta a leitura reconsidera-se apenas:

1. ”Expropriação da propriedade latifundiária e utilização da renda da terra para cobrir as despesas do estado”, apesar de já ter sido superada por alguns países, aqui no Brasil ainda se encontra com resistência, precisando de resolução, transformação e mudança, pois é um resultado de desigualdades dentro desses aspectos.

4.”Confisco da propriedade de todos os emigrados e sediciosos”, outros países já alcançaram grande resultado, o Brasil tornou-se uma nova versão de “emigrado e sedicioso”,possuindo  recursos no exterior, portanto, a exigência é para que “sejam criados mecanismos efetivos de  controle e tributação dessa nova versão”.Precisa reavaliar nesse contexto.

5.”Centralização do crédito nas mãos do Estado, através de um banco nacional com capital estatal e monopólio exclusivo”, os financiamentos internacionais que comandam e controlam o capital estabelecem medidas e impondo regras nas demais economias, devendo acontecer um maior controle de capital, estabelecendo limites e à especulação e acima de tudo ampliar os de financiamentos para as demais esferas. Giovanni Arrighi nos aponta duas possibilidades: 1 Vive-se um momento de crise sistêmica; 2, A hegemonia do capital, também fragiliza o processo de recuperação econômico. Deve  buscar uma alternativa e descomplexar as relações econômicas internacionais.

8.”Trabalho obrigatório para todos, constituição de brigadas industriais, especialmente para a agricultura”, estamos atualmente num processo de desemprego crescente e exclusão social precisando de inserção juntamente com capacitação do trabalhador frente às novas tecnologias.

 

 

 

 

Bibliografia

Edição recomendável: REIS FILHO, Daniel Aarão (org.). O Manifesto do Partido Comunista 150 anos depois. Rio de Janeiro, CONTRAPONTO, 1998. (Textos: Marx e Engels. O Manifesto do Partido Comunista; Texto complementar: de Paula, João Antônio. A atualidade do programa Manifesto, na mesma edição recomendada.

 

 

 

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